25 de dezembro de 2018
Artigos

“…não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2, 7)

Divulgação

Ao celebrarmos o Natal, talvez não atentamos ao fato de que Maria grávida e José, depois de uma longa viagem, de Nazaré, na Galiléia, até Belém, na Judéia, depararam com a triste realidade de não serem acolhidos. Não encontraram alguém que se sensibilizou pela situação em que se encontravam.

Sim! O Filho de Deus experimentou no seu nascimento a falta de solidariedade, de compaixão e de humanidade!

Não há como não remetermos ao nosso hoje. “Não há lugar…” para tantos “Josés”, “Marias” e para o próprio Jesus na nossa sociedade e “sua organização”… São tantos irmãos e irmãs descartados por motivações sociais, econômicas, políticas, étnicas e religiosas…São crianças abusadas, abandonadas e exploradas de tantas formas; são jovens, sem esperança e sem perspectiva de vida; são mulheres vítimas da violência doméstica e do machismo; são homens sem trabalho ou forçados a um subemprego; são idosos abandonados ou mal-cuidados, são o que não tem acesso à saúde, à educação, às diversas políticas públicas…são tantos e tantas que vivem à margem, vítimas do preconceito e da intolerância, sentindo, inclusive, que na Igreja não há lugar para eles… sentindo abandonados até mesmo por Deus…

Na noite de Natal, há uma outra grande notícia: Ele nasceu e se fez, desde aqui, solidário aos que “não tinham ou não tem lugar”… O Filho de Deus também não “encontrou lugar” para ele na Belém agitada e cheia daqueles dias…seus pais como imigrantes não foram acolhidos!
Aliás, “ele encontrou lugar somente no meio dos animais”, no local destinado para estes! Os humanos tantas vezes não reconhecem ou não querem reconhecer o seu semelhante…Muitos chegam até considerar “alguns humanos” menos humanos que os outros!

Na noite de Belém, Deus entrou na nossa história…não totalmente acolhido, não plenamente convidado, não suficientemente reconhecido…mas, ainda assim, ele, teimoso, veio morar no nosso meio!

E então: “Há lugar para ele?” Ou será que terá que pedir ao “boi e ao jumento”, mais uma vez, a manjedoura emprestada???

*Pe. Eutrópio Aécio de Carvalho Souza é pároco da Paróquia São Geraldo Majella, em Guanambi-BA.


Tags: