20 de dezembro de 2021
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História do Presépio

Por Nilzabete dos Santos Oliveira/Pascom Caetité

Na floresta de Greccio, comuna Italiana da região do Lácio, a atmosfera de um movimento impetuoso, e em tom de mistério, permanece estável no ar. Após um momento de agitação, surge do interior da floresta, uma figura singular. É um frade católico, de aspecto vil, estatura um pouco abaixo da média, cabeça redonda e proporcional ao corpo, muito magro, de face alongada, nariz reto, olhos negros e límpidos.

A figura que se apresenta é de um homem com aparência física e de aspecto, mendicantes, contudo agradável. Trata-se de Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis.

A agitação primeira se dá, a partir de um movimento anterior e muito particular, mediante as disposições cernes do frade, que inflama lhe o desejo de vivenciar a experiência mística, resgatando, pela memória afetiva e coletiva, o nascimento do menino Jesus, enquanto mistério salvífico, atualizando-o.

A intenção era de, com essa postura prática, sanar, mesmo que interiormente, a distância entre o tempo cronológico, que separa o acontecimento real, e o momento vivenciado pelo Santo. Além disso, porque havia, naquele período, um forte frenesi coletivo que, ansiava também, fazer a experiência do insondável.

Assim, o religioso e seus amigos, usando os recursos disponíveis no local, (palhas, pasto, cocho, animais, e um casal da região com seu bebê) montam as peças do primeiro presépio da história.

Era o Natal de 1223, cuja intenção provável foi ajustar os principais elementos daquele acontecimento, para proporcionar a experiência de contemplação e adoração, ao nascimento do menino Jesus, bem como de ajudar aos simples, na compreensão do projeto de salvação do Pai celestial, explicando ao povo, de forma didática e catequética, o verdadeiro sentido do Natal. O registro desse gesto perpassou pelas narrativas de histórias da oralidade popular, viabilizada pela tradição dos antigos, e se difundiu por toda a Europa, espalhando-se, a partir daí, para outras regiões do mundo. O que foi de fundamental importância para o conhecimento da simbologia do presépio, na atualidade. Tanto assim que, famílias inteiras se reúnem, agora no período do advento, para fazer memória, ao tempo em que se prepara para o acontecimento da fé e reminiscência católica.

Em vários países se montam presépios. Na confecção, variam-se os tamanhos, formatos, cores e materiais utilizados. Usualmente são aproveitadas madeiras, argilas, palhas, para montagem das peças que o compõem. Mais comuns em residências, os presépios também são amados pelos filhos que, seguem o conhecimento dos pais e/ou avós, fortalecendo a tradição e perpetuando a prática. Embora, diversos presépios, sejam encontrados em lojas, empresas, instituições formais, em outros locais públicos e/ou informais.

A mística profunda, vivenciada em 1223 por São Francisco de Assis e seus companheiros, ganha força, junto às comunidades que, passam a adotar a mesma postura de louvor e adoração, além tempo, ao filho do Deus criador de todas as coisas.

Além de ser exemplo prático da oralidade popular, enquanto importante instrumento de fortalecimento e respaldo, das práticas culturais e da memória, na medida em que são comumente passadas de geração em geração, o efeito direto nas comunidades é o uso de efetiva mediação, para a boa espera do Natal. Nessa configuração, temos um povo de fé, e também por isso, de pulsante disposição interior, que o conduz feliz a clamar: Maranata vem Senhor Jesus!