15 de abril de 2020
Notícias

Em pausa: estamos em casa; Polis vs Oikos

Por Pe. Lely Almeida

Preferimos ficar todos em casa por uma necessidade intrínseca no que diz respeito a nossa saúde, a nossa vida, enfim, estamos todos em casa. Fomos convidados a fazermos uma pausa e essa é uma oportunidade para revigorarmos as nossas forças, refazermos as nossas energias, refletirmos sobre o nosso ser no mundo. Ficar em casa parece ser um pouco enfadonho, parece um tanto desagradável para quem está acostumado e tem o hábito de estar sempre fora; enquanto isso tem outros que estão fora nesse momento de pandemia, que desejam ansiosamente estarem em casa e não podem. Casa é o lugar e o ambiente por excelência do acolhimento e do repouso onde nos sentimos seguros e protegidos. O estar em casa é vivenciar e contemplar o interior da nossa própria vida; é fazer a experiência de família, viver em harmonia. A casa é o lugar onde nos aquecemos. Pensemos nas muitas pessoas que não tem um lugar, uma casa para se protegerem; que desejam ter nem que for apenas um cômodo, vejamos aquelas pessoas de rua; enquanto têm outras que já se acostumaram com o chão frio das calçadas que para elas não faz diferença; muitos não têm onde repousar a cabeça. “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8,20).

A palavra casa, Oikos em grego; na Grécia Antiga, o oikos era o nome dado para a unidade básica de uma sociedade que era formada por um chefe representado pelo homem mais velho, sua família e seus escravos. Como em qualquer outro ambiente social, não é diferente no Oikos que precisa de um responsável por todos que ali se encontram. É dentro do Oikos que aprendemos os pequenos valores e somos instruídos, aprendemos a nos comportar, começando desde os primeiros passos, o Oikos nos possibilita ao diálogo, a abertura para uma interação dos seus membros. É o recanto do nosso descanso e repouso; em cada espaço da casa devemos ter privacidade com liberdade, mas respeitando os limites uns dos outros.

Agora, o momento presente e atual estamos vivendo um desafio de nos encontrarmos em casa. Passando pelas estradas encontramos as pessoas da área da saúde que nos dizem: “Fique em casa” ficar em casa em alguns momentos é muito bom, agradável e confortável, mas bem sabemos que nem todos conseguem ficar. O momento de ficar em casa é precioso, pois, estamos cuidando de nós e contribuído também para o cuidado do outro. Têm pessoas que procuram está expostas parece que perdeu a noção e não sabe o tamanho da gravidade da problemática da situação desesperadora e exorbitante da pandemia. Estamos passando por um dilema de quem entra e sai, se é que pode sair ou entrar. É o dilema das pessoas que chegam de outras cidades, para o berço de seus familiares, é o dilema das pessoas que estão aglomeradas pelas ruas das cidades com máscaras, ou sem máscaras. Foi pedido e decretado por lei para estarmos em casa; mas encontramos grupos de pessoas em detrimento as repartições públicas. O desafio de ficar em casa e o perigo de ficar espalhados na cidade. Sabemos das nossas necessidades para podermos sair de casa. Enquanto algumas pessoas estão pelas cidades expostas a contrair os vírus, outras se encontram em ambientes reservados na zona rural.

Sem dúvida precisamos nos proteger e a melhor forma é nos recolher levar em consideração o isolamento social, evitarmos o contato. O que importa agora é estarmos em casa. Que essa pausa possa despertar em nós uma abertura melhor para nos conscientizarmos a respeito do valor e importância da vida em toda sua dimensão que está presente na Polis e em cada Oikos. Vamos fazer a nossa parte! Por enquanto fiquemos em casa; mesmos inquietos e quietos impacientes e pacientes para aqueles que conseguem controlar. Que passe logo esse momento difícil para a vida seguir normal.

Texto: Pe. Lely Almeida