15 de abril de 2020
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Esperar com todas as esperanças

Por Irmã Maria Zilma da Silva SMR, Abidjan

Vivemos em um mundo onde só se fala de corona vírus, e na maioria das vezes acabam não levando tão a sério a situação mundial, é claro que para a nossa saúde mental talvez seja melhor não levar tão á sério a situação em que vivemos, mas por outro lado é preocupante as atitudes de alguns governantes diante desta pandemia que está no mundo todo, o descaso nas medidas tomadas pelo ministério da saúde em relação ao isolamento social, que talvez seja o único remédio para conter a epidemia no mundo, muitos teme a economia, mais é certo que uma população doente não tem como trabalhar, é necessário ficar em casa para se proteger a si mesmo e aos demais, além da epidemia é preciso ficar atentos, porque  corremos o risco de nos mergulhar na ansiedade que pode se transformar em depressão, o mundo está doente e corpos fragilizados vivendo nele.

É tempo de crise, de sofrimento e dor, mais  ainda podemos dizer que é tempo de vivermos uma grande transformação e conversão, retomando os quarenta dias que Jesus passou no deserto sendo tentando, Jesus sendo filho de Deus experimentou no fundo do ser divino o amor misericordioso do Pai, este tempo  para o mundo fica marcado as várias experiências negativas diante de tantas mortes e tantos sofrimentos por conta do corona vírus, a dor de muitas pessoas em corredores de hospitais sem acesso ao tratamento digno, agonia de está morrendo sem acesso um respirador para amenizar a agonia até mesmo no leito de morte, a dor de não poderem enterrar seus entes queridos, a impotência diante da situação e não poder fazer simplesmente nada, as lutas dos profissionais de saúde sejam eles médicos, enfermeiros (as) técnicos e técnicas, Fisioterapeutas, os funcionários que estão nas bases cuidando da higienização, todos arriscando as suas vidas para salvar outras vidas, o isolamento de seus próprios familiares neste tempo em que se passa todo tempo dentro de um hospital.

Sem contar às pessoas que estão fora dos seus pais e não consegue retornar porque o mundo parou, digo que é agoniante viver nesta situação, porque não se tem previsão de quando tudo isso vai acabar, pode durar, 30 dias, 40 dias etc. Por outro lado nos leva a confiar mais em Deus e esperar  o  tempo certo de tudo isso voltar ao normal. Não é fácil esperar mais é um exercício que tem que ser feito principalmente neste período  que nos convida a voltar para o nosso interior e tomar nas  mãos nossas próprias limitações.  No entanto onde se fala  e se vive experiências negativas sobre as devidas medidas necessárias de combate à Covid-19, gostaria de partilhar esta reflexão que venho refletindo desde quando tudo isso começou e as suas  consequências que podem ser oportunidades para nosso crescimento humano.

Portanto o que se dar para perceber é que  esta pandemia veio para nos lembrar de nossas fragilidades em vasos de argila. O rastro da morte, do medo, da paralisação social que este pequeno ser acelular nos impõe sendo assim um duro golpe contra a vida humana. Diante de uma ameaça invisível e traiçoeira, que pode levar de nossa presença tantos entes queridos, fica na boca o amargo sabor da impotência. Percebemo-nos como verdadeiramente somos: finitos e pequenos diante da doença. Mas, no entanto com a esperança e novas perspectivas que nos abrem caminhos de espiritualidades que deve nos conduzir para fora de nós mesmos e para a transcendência e do nosso encontro pessoal com o Criador. Retomando em nossas mãos a dinâmica do cuidado á vida e olhando estas características expressadas muito bem nas vidas dos nossos profissionais de saúde neste tempo, é certo que deste encontro com Deus brotará a esperança que nos conduzirá ao infinito, abraçando o divino, porque nós seres humanos temos a oportunidade de nos alimentar sempre de uma vida nova em Cristo que não cessa, mas  que pulsa e nos encoraja a recomeçar todos os dias apesar dos obstáculos é através da fonte de água viva que encontramos o nosso bem supremo quando tudo escurece e esfria ao nosso redor.

 Para continuar a “reflexão pego a frase onde se diz que o” fisioterapeuta tem duas mãos e um coração entre elas” é exatamente ai que exala a nossa essência e a nossa humanidade diante do cuidado a vida ameaçada. No  entanto é na caridade para com aqueles que sofrem, na prática do amor que se desvela a verdadeira essência do sagrado nestes profissionais e também de tantos Religiosos e Religiosas que de uma forma ou de outra estão doando as suas vidas , seja na oração, na doação de materiais de proteção, alimentação, sobretudo a moradores de rua e abrigo, neste tempo forte e preocupante. também nós Irmãs  Servas de Maria Reparadoras somos convidadas a está aos pés das infinitas cruzes da humanidade, promovendo e defendendo a vida através do Hospital Nossa Senhora das Dores em Capinzal Santa Catarina e o Centro de Saúde Madre Elisa Andreoli em Abidjan Costa do Marfim África, esta é a nossa missão na saúde continuar atender os doentes  que chegam até nós, sabemos das inúmeras dificuldades e riscos que devemos passar mais a missão não pode parar há gente que precisam da nossa colaboração. Exemplo  aquele Padre que renunciou o respirador para dar preferencia ao jovem, renunciou a própria vida para que vivesse o jovem. Temos estes dois grandes exemplos Irmã Dulce e Madre Tereza de Calcutá o brilho da santidade que emana do cuidado ao necessitado, ao doente, àquele que ninguém quer. São muitos os que hoje fazem isso nos hospitais assolados pelo coronavírus no mundo inteiro. Com tudo isto que está acontecendo só nos leva a  acreditar que o confronto com o sofrimento, acaba nos levando a um itinerário de busca interior com mais confronto com a palavra de Deus através de uma profunda meditação diária saciando  a nossa sede de água viva para que não tenhamos mais sede, e nos leva a dialogar com  o Divino amor de Deus em tempos de isolamento social.

Segundo dizes que Buda começou seu caminho espiritual a partir do contato com a fragilidade humana após abandonar o ambiente em que foi criado.  No entanto esta pandemia em que vivemos nos leva para além de nossas fragilidades, e nos lembra a nossa dependência, que na verdade somos seres dependentes, ninguém se cura sozinho, sempre precisamos de outros de outras, somos educados e criados para a solidariedade para estarmos conectados uns com os outros, é nesta hora que percebemos a falta dos abraços, dos apertos de mãos, dos afetos etc. No momento não podemos nos abraçar fisicamente, mais os nos joelhos ainda pode se dobrar para rezar pelo nosso mundo dilacerado pela pandemia. Aproveitamos este momento para uma conexão mais profunda com o necessário, respeitem as regras estabelecidas para o nosso bem e de toda humanidade.    Com certeza o mundo não será o mesmo depois que esta pandemia passar, as sequelas ficarão seja elas boas ou ruins mais uma coisa acredito que as pessoas não serão as mesmas, assim espero que a saudade dos abraços tenha nos tornando mais afetuosos, que a saudade dos templos das celebrações tenha nos fortalecidos e que a nossa fé tenham se transformado em gotas de esperança, amor, solidariedade e fraternidade e que a saudade de nossas famílias tenha nos feito amá-los e visitá-los mais e que a visão de nossa pequenez nos permita olhar além do que enxergamos no ser humano, e que a saudade do lar de onde viemos tenha nos inspirados a buscar mais Deus e que os nossos medos tenha tornando um ponto de partida para alcançar os nossos objetivos, enfim que o nosso sorriso possa continuar iluminando outras vidas por onde passarmos e pode acreditar há vidas a bailar em nosso meio acredite. Que o nosso bom Deus abençoe a todos e todas, e nunca se esqueça de que unidos venceremos… Fiquem todos na graça Daquele que pode mais que nós.


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