Numa época em que os desafios se fazem fortes e intensos, importante entrelaçar ações sociais idealizadas por instituições que estão na sociedade com o intuito de promoção humana. Dessa parceria, evidenciam-se as singularidades e as pluralidades e, ao dar as mãos, os diversos grupos se agregam e se fortalecem para se sentirem mais capazes diante dos desafios postos. Nessa linha de discussão, uma situação desafiadora é tomada como ação instigante para pensar possibilidades, jamais desistir dela.
Essa afirmação nos leva a pensar essa identidade de ser um servo de Deus nestas terras sertanejas ao assumir compromisso, publicamente, com o povo da Diocese de Caetité. Chega, Dom Ricardo, então, com a ideia de serviço, seja pela organização, acompanhamento, incentivo ou para assumir as pastorais diocesanas. Com experiência de quem atuou na Diocese de Paulo Afonso – Bahia, Dom Ricardo procurou conhecer a nova Diocese para reorganizá-la, efetivando o funcionamento da Cúria Diocesana nas dependências da Casa do Bispo.
Dom Ricardo nasceu em Bellinzago Novarese, Itália, em 11 de abril de 1945. Estudou no seminário Filosófico e Teológico de Novara e foi ordenado padre em 23 de junho de 1973. Em 1982 veio para o Brasil como sacerdote Fidei Donum ma Diocese de Paulo Afonso, onde exerceu os cargos de vigário, tesoureiro, chanceler, reitor do Seminário Menor e chefe da Pastoral Vocacional; pároco, administrador diocesano e diretor jurÃdico e administrativo da diocese.
Em 13 de novembro de 2002, o Papa João Paulo II nomeou Dom Ricardo como bispo da Diocese de Caetité. A ordenação episcopal aconteceu no dia 8 de fevereiro de 2003, pelas mãos de Dom Aloysio José Leal Penna SJ, Arcebispo de Botucatu, Dom Renato Corti, Bispo de Novara, e Dom Antônio Alberto Guimarães Rezende CSS, Bispo-Emérito de Caetité.
Com o novo bispado, criou-se a Comunidade de Formação Nª Sra. de Guadalupe, em Belo Horizonte, que oferece curso de filosofia e teologia, recebendo também os seminaristas de Livramento de Nossa Senhora e de Vitória de Conquista. Duas vezes por ano, o bispo se dirige à Comunidade de Formação Nossa Senhora de Guadalupe com uma equipe composta por dois padres e uma religiosa com o objetivo de acompanhar os estudos, incentivar os seminaristas e promover a fé.
Nos primeiros dez anos de bispado, ordenou dezoito novos padres. Para uma maior assistência pastoral, vendo que ainda há paróquias sem a presença fixa de um padre, Dom Ricardo respondeu positivamente à solicitação de um instituto religioso (Instituto Missio) que enviou três padres para o atendimento às paróquias como Botuporã, Caturama e Igaporã.
Pelo incentivo vocacional, é significativo o investimento em ações formativas, unindo fé e vida. O bispo garantiu ações da Igreja como a celebração dos 90 anos da Diocese (2003), a II Semana Social Diocesana (2004), a I Jornada EucarÃstica Diocesana realizada em Caetité (2005), formação continuada para os Ministros(as) Extraordinários(as) da comunhão EucarÃstica de toda a Diocese, os 25 anos da Pastoral da Criança na Diocese (2012), o Dia Nacional da Juventude — DNJ, sendo que, em dois momentos, esta ação teve caráter diocesano (1997 e 2010), o II Congresso catequético Diocesano, no ano de 2009, organização para que a Diocese se integrasse à rede mundial de computadores (internet, com endereço eletrônico www.diocesedecaetite.org.br), que foi ao ar pela primeira vez no ano de 2010, incentivo aos trabalhos da Pastoral de Comunicação – PASCOM.
Segundo Lima e Souza (2006), a Pastoral da Comunicação tem como atribuição primeira levar o anúncio de Jesus Cristo a todos, através do elo entre eventos, pastores, movimentos e comunidades, bem como os meios de comunicação que existem fora da comunidade. Essa pastoral vem se organizando, desde 1997, com o Pe. Osvaldino Barbosa, que realizou os primeiros encontros de formação para comunicadores cristãos. Pe. João Souza inicia seus trabalhos como coordenador da PASCOM, em 2006, momento em que o Informativo Em Foco passa a substituir o A Caminho e o boletim trimestral dos Seminários INTERCÂMBIO também é uma conquista que busca ampliar as ações de comunicação na Diocese.
Dom Ricardo Brusati (2006), ao escrever o Editorial do Informativo Em Foco, emite a sua concepção sobre a comunicação:
A comunicação começa dentro das nossas casas, desde o choro de uma criança que chama nossa atenção; passa pela rua com uma música que alegra os transeuntes; manifesta-se soltando uns fogos quando o nosso time ganha; emociona-nos através de um telefonema especial no dia das mães; sensibiliza-nos com uma notÃcia veiculada no mundo inteiro pela mÃdia; envolve-nos assistindo a um filme e nos convida à mundialidade, recebendo uma resposta imediata pela internet que vem de outra parte do mundo. Hoje estamos todos inseridos na aldeia global; chegando até a casinha de taipa ao lado da qual impera a antena parabólica.
Dom Ricardo Brusati (2006)
Em sintonia com os dizeres de Dom Ricardo e com a contemporaneidade, observamos o quanto se faz possÃvel poder viver em qualquer lugar, seja em espaços urbanos, seja em rurais e conseguir ficar conectados por essa ideia da “aldeia global”. Importa, pois, o incentivo para que cidades grandes possam dialogar com as pequenas, propiciando discussões de como as pessoas venham ser reconhecidas, mesmo escolhendo viver em lugares menores, à s vezes, propiciadoras de qualidade de vida.
No bispado de Dom Ricardo fica evidente a ideia de incentivar a formação de seus pastores; padres em ação na Diocese pelos diversos carismas. Destacamos o envio do Pe. Gilvan Pereira Rodrigues para a Itália, em junho de 2006, para estudar bioética (ética da vida), de modo que, assim, pudesse contribuir com a orientação dos fiéis em temas cientÃficos emergentes nesse mundo contemporâneo e o de Pe. Alex Adriano Rocha Barbosa para o mestrado em Teologia na Faculdade dos JesuÃtas, em Belo Horizonte, com a perspectiva de dissertar sobre o diálogo ecumênico e sobre eucaristia.
D. Ricardo, depois de ter visitado todos os 35 municÃpios, sobretudo em ocasião das festas de padroeiro, de reuniões dos conselhos pastorais, bem como da administração das crismas, a partir de 2007, iniciou a visita pastoral residencial, permanecendo várias semanas nos centros das paróquias e nos núcleos maiores, como em Macaúbas, Caturama, Boquira, Tanque Novo e Botuporã. No ano sucessivo, o trabalho foi realizado nas paróquias de Malhada de São Francisco, luiu, Sebastião Laranjeiras e Palmas de Monte Alto, sempre acompanhado por um seminarista e depois pelo diácono Eutrópio, secretário e fotógrafo itinerante. Em 2008, continuaram com as ações. Era tempo de eleições a equipe visitou as paróquias de LicÃnio de Almeida, Jacaraci e Mortugaba.
Enquanto bispo da Diocese de Caetité, D. Ricardo, vê a região do alto sertão baiano em melhores condições do que outras regiões da Bahia. Para Dom Ricardo, as condições fÃsicas, geográficas favorecem uma vida melhor e observa existir “uma sensibilidade aguda das pessoas para o trabalho religioso”, afirma o pastor. Considera que, por ser formada por humanos, a Pastoral possui seus momentos de alta, mas também de crise e de incertezas, de avanços e de retrocessos.
No ano de 2004, a Rádio Educadora passa a ser dirigida pelo Pe. Alex Adriano Rocha Barbosa, reitor, na época, do Seminário São José. O então bispo, D. Ricardo Brusati, faz novos investimentos com recursos mais atualizados e a rádio passa a fazer parte da Associação Brasileira de Rádio e Televisão – ABERT, reforçando ainda mais a parceira com a Rede Católica de Rádio – RCR e a fazer parte da União de Rádiodifusão Católica – UNDA/BRASIL, trazendo qualidade e profissionalismo em sua programação.
Em 2007, o Pe. Osvaldino Alves Barbosa, pároco de Caetité, assume a direção da emissora, a qual, mais uma vez, passa por modificações em busca de melhorias. Novos investimentos são feitos para ampliar a qualidade dos serviços e, fazendo jus à ideia de fundação. A Rádio Educadora, como é popularmente conhecida na Diocese, é pioneira nestas terras sertanejas e se tornou uma referência da presença da Igreja junto aos diocesanos, com vários programas veiculados pela emissora.
A ideia de evangelização, adotada na Diocese, leva em consideração a qualidade de vida das pessoas, por isso incentiva a criação de projetos, como o Centro de Assistência do Semiárido – CASA e o Divina Providência, cujas ações são voltadas para a melhoria das condições de vida, favorecendo cidadania e geração de renda através de propostas de captação de recursos financeiros, como as doações, campanhas, mensalidade de associados, convênios com outras instituições e governos, mantendo intercâmbio de mútua colaboração.
Incentiva o desenvolvimento social, numa perspectiva de construção da cidadania, com atividades de educação, assistência social, emprego e renda pelas capacitações, controle social e pela participação em Conselhos, fóruns, conferências, visando à convivência com o Semiárido, comunicação social, dentre outras. Ações dessa natureza vêm instigando o debate sobre o sertanejo em situação de flagelo, tanto pela escassez de chuva, quanto pela abundância, gerando discussões sobre a necessidade de criação de pequenas barragens, açudes, revitalização das nascentes e outras soluções que a comunidade unida e reunida poderá encontrar.
Dom Ricardo ficou na Diocese de Caetité até maio de 2015, quando foi transferido pelo Papa Francisco para a Diocese de Janaúba – MG. Em 12 de junho de 2019, o pedido de renúncia de Dom Ricardo foi aceito. Ele se tornou bispo-emérito de Janaúba e retornou para a Itália.