Dom Manoel Raimundo de Melo

Per Quem Accepimus Gratiam Et Apostolatum
⊶ Por quem recebemos a graça e o apostolado ⊷

01 Bispo da Diocese de Caetité


Bispo na Diocese entre 1914 e 1923
⋘ ✯ 01-02-1872 ⋙ ⋘ ✟ 11-03-1947 ⋙
Ordenação Presbiteral: 05-12-1894
Ordenação Episcopal: 21-02-1915


O primeiro bispo da Diocese de Caetité nasceu na cidade de Capela, Sergipe, no dia 4 de fevereiro de 1872. Enquanto padre, foi vigário da cidade de Itabaiana. Em 27 de março de 1901, foi nomeado pároco da Catedral de Aracaju, onde ficou até maio de 1904.

Manuel Raymundo de Mello foi ordenado bispo pelo então Cardeal Primaz do Brasil, Dom Jerônimo Tomé da Silva. Com o desmembramento da Arquidiocese de São Salvador, a então Freguesia Santana de Caetité foi elevada à categoria de Diocese em 20 de outubro de 1913, pela Bula Maius Animarum Bonum (Para o Maior bem das almas), assinada pelo Papa Pio X. Dom Manuel foi o primeiro bispo da Diocese de Caetité.

Dom Manuel só chegou à Caetité quase dois anos depois de nomeação e criação da nova Diocese. Foi ao fim da tarde do dia 29 de abril de 1915. Em fevereiro de 1915, em cerimônia solene, Dom Manuel tomou posse da Diocese por procuração, sendo representado pelo Cônego Luiz Pinto Basto. A chegada do primeiro bispo foi simbólica e representativa. Por volta das 17h, devidamente paramentado, ele desceu a Avenida Barão de Caetité em direção à Catedral.

Com ele, seguiram 800 cavaleiros, o Clero, o Colégio S. Luiz Gonzaga, o Apostolado da Oração, a Escola Paroquial de S. Luiz, escolas estaduais e municipais. O bisco reuniu, em sua chegada, autoridades civis e religiosas, membros das mais importantes famílias da região.

Dom Manuel esteve à frente da Diocese por dez anos (1915-1925). Teve como missão lutar pela territorialização da Fé Católica no sertão baiano. Durante sua estadia, implantou, fincou suas raízes, definiu seu território físico, religioso, respondendo às necessidades de evangelização do sertão. Foram inúmeras lutas: com o fim das verbas governamentais, consequência da República, era preciso fortalecer — e em alguns casos, construir — as finanças da Igreja. Dessa forma, uma de suas missões era consolidar o patrimônio, garantindo a expansão das Paróquias e a ampliação do corpo de fiéis.

Historicamente, a Igreja vinha perdendo os homens de Fé para a Ciência, para as profissões que a sociedade, em fase de capitalização e modernização, exigia: engenheiros, advogados, médicos etc. Em pleno alto sertão baiano, cabia a D. Manuel reverter a situação e tornar a permanência da Igreja Católica sustentável.

Desde 1912, segundo Riolando Azzi (2001, p.285, V.2), a educação caetiteense estava nas mãos dos protestantes. A fundação do colégio MacCauly não se apresentou à sociedade local como uma querela de Fé, mas de política. Monsenhor Bastos, o mesmo que representou D. Manuel em sua posse por procuração, atuava politicamente e reagiu ao colégio protestante, não pelo embate da crença, mas pela disputa política. Assim, Luiz Pinto Bastos trouxe para Caetité os grandes educadores católicos — os jesuítas, fundando o Instituto São Luiz Gonzaga.

Exemplo dessa parte de sua luta na Diocese é a vocação sacerdotal de Anísio Teixeira, frustrada pelos pais. Em carta a eles dirigida no dia 25 de março de 1920, o jovem estudante tenta convencê-los de que o melhor para si é dedicar-se à religião. Aquele que seria o maior Educador do Brasil, filho desta terra sertaneja, quis ser padre e viu seu desejo negado pela família, que lhe destinava um lugar de destaque no mundo laico. Como seus pais, muitos outros se deixavam seduzir pelas luzes das metrópoles.

Em 22 de abril de 1916 que Dom Manuel Raymundo de Mello estabelece os primeiros passos concretos para a construção do Seminário Diocesano e da Residência Episcopal. Sua visão vai mais além. Também em 1916, sente a necessidade de criar um meio impresso que divulgasse os princípios e as ações da nova Diocese. Lança o “Correio de Caetité”, segundo Luiz J. Henriques.

Em 1920, com a morte de sua mãe, Dom Manuel isolou-se, colocando suas irmãs como Religiosas do Bom Pastor. Seu caráter aguerrido gerou excessos que o contrapunham constantemente a variados setores da comunidade caetiteense. Riolando Azzi (2001, p.287, v.2) desenha para Dom Manoel uma personalidade instável, cuja exposição aos muitos embates em que se envolveu provocou desequilíbrio psicológico — daí sua renúncia em 1925. Dom Manuel faleceu no Sergipe, em 1947.