Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e mais 27 companheiros leigos serão canonizados, em Roma, dia 15 de outubro deste ano. A notícia foi confirmada no início da manhã desta quinta-feira, 20, durante o Consistório Ordinário Público, formado por cardeais, presidido pelo papa Francisco, no Vaticano.
Conhecidos como protomártires do Brasil, eles foram assassinados por ódio à fé. Um grupo no dia 16 de julho de 1645 e Mateus Moreira, em 3 de outubro de 1645, no Rio Grande do Norte. No último dia 23 de março, o papa Francisco já havia aprovado os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos Membros da Congregação para a Causa dos Santos sobre a canonização dos beatos, padroeiros do Rio Grande do Norte.
O nome de protomártires foi dado na ocasião da visita do papa João Paulo II, em 13 de outubro de 1991, na missa de encerramento do XII Congresso Eucarístico, ocorrido em Natal (RN). Os locais de martírio, Cunhaú e Uruaçu, estão na circunscrição eclesiástica da arquidiocese potiguar.
Processo de canonização
Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Na ocasião, cerca de mil brasileiros participaram da celebração. O processo de beatificação durou nove anos; foi instalado pelo então arcebispo de Natal, dom Alair Vilar, e tendo o monsenhor Francisco de Assis Pereira, como postulador, ambos já falecidos. A celebração de beatificação aconteceu durante o governo de dom Heitor Sales.
Desde a beatificação, a arquidiocese de Natal incentivava os fiéis a rezarem e pedirem a graça da canonização dos ‘Protomártires do Brasil’.
O processo de canonização estava na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, desde o segundo semestre de 2015, por indicação do papa. No mês de setembro do ano passado, o arcebispo metropolitano de Natal, dom Jaime Vieira Rocha, esteve em Roma, participando de uma audiência com o papa Francisco para tratar sobre a canonização. Na visita ao pontífice, dom Jaime esteve acompanhado do arcebispo emérito de São Paulo (SP) e ex-prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Cláudio Hummes, que é um devoto fervoroso dos Mártires potiguares. Na homilia da missa de encerramento do Congresso Eucarístico Nacional, em 16 de maio de 2010, na cidade de Salvador (BA), ele falou sobre a história dos beatos e, no final, destacou: “Esses mártires, caros irmãos e irmãs, são uma das maiores glórias da Igreja no Brasil. O seu martírio, reconhecido pela Igreja, contém grande força de evangelização. Deveríamos torná-los mais conhecidos e venerados, porque nos ajudariam amar e valorizar o domingo e a Missa dominical”.
No mês de outubro, a arquidiocese de Natal recebeu a visita do núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello. Na ocasião, o representante do papa no país conheceu os locais dos martírios e pôde presenciar a devoção do povo potiguar aos beatos.
O processo para a canonização teve como notário o arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira da Rocha, e como cursor o padre Júlio César Souza Cavacante.