1 de abril de 2018
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“Por que procurais entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui; ressuscitou.” (Lc 24, 6)

A páscoa que hoje a comunidade cristã celebra é a ressignificação da páscoa celebrada pelos judeus. Entre os judeus era celebrada a passagem da escravidão à liberdade. Entre os cristãos é também passagem, mas da escravidão do pecado à vida nova em Cristo. Há, contudo, entre nós, os que buscam em coisas passageiras direcionar o sentido dessa passagem salvífica.

Os judeus todos os anos, depois da ceia pascal, se dirigiam à Jerusalém para celebrar a vitória sobre os egípcios, marco histórico em suas vidas. Após os anos de escravidão nas mãos do Faraó, eles conseguiram, sob a ordem de Deus, escapar para a Terra Prometida, onde não haveria mais perseguição nem morte da forma que viviam no Egito. Guiados por Deus através de Moisés, cruzaram o Mar Vermelho derrotando os perseguidores, alcançando a liberdade prometida por Deus. Essa celebração em Jerusalém era a Páscoa dos judeus.

Com Cristo, também nós passamos da escravidão do pecado para a ressureição. A celebração da Páscoa entre os cristãos é o reconhecimento da manifestação definitiva do amor de Deus para com o seu povo. Ele veio se fazer presente em nosso meio. Experimentou nossas dores, angústias, desejos, fome, e sobretudo anunciou o amor do Pai que se dirige a nós, com misericórdia e compaixão. Amor que nos acolhe e nos ensina a acolher. Com o seu sangue derramado na Cruz e o túmulo vazio, sem a ação humana, Deus manifestou sua glória. Sua vitória sobre a morte. Eis o verdadeiro sentido da Páscoa.

Outros mecanismos aparecem para confundir o sentido da Páscoa. A máquina capitalista, por exemplo, nos leva aos ícones mais supérfluos e passageiros que possam existir. Coelho e ovo de chocolate nos distanciam do ideal de Cristo quando gastamos horrores de dinheiro com o descartável do mercado e não percebemos o faminto que cruza diariamente nosso caminho. Entramos na onda do mercado para consumirmos, consumirmos e consumirmos.

De que lado estamos hoje? Do Cristo que morreu e ressuscitou ou do que nos oferece o sistema cruel e manipulador – capitalismo –, que ignora a pessoa humana em vista do lucro?

Posto tudo isso, devemos, portanto, abraçar o amor de Deus por nós, como ele fez conosco, para não cairmos na tentação de perseguir, como fizeram os guardas do faraó, os que já estão marginalizados por nossa ignorância. Cristo Ressuscitou de uma vez por todas. Aleluia!