Terra de figuras ilustres como o educador Anísio Teixeira, Caetité já foi um dos centros urbanos mais importantes do sertão baiano. Constituída paróquia em 1754, quando ainda era Freguesia Santana de Caetité, desmembrou-se da Arquidiocese de São Salvador para ser elevada à categoria de diocese em 20 de outubro de 1913, pela Bula Maius Animarum Bonum (Para o maior bem das almas), assinada pelo Papa Pio X. Além de Caetité, foram criadas, ao mesmo tempo, as Dioceses de Ilhéus e Barra.
A necessidade de atendimento pastoral, as distâncias como empecilho para as visitas pastorais do bispo de São Salvador e, ainda, o crescimento da população no interior do Estado estão entre as razões que levaram a Igreja a criar as novas dioceses na Bahia. A fundação da Diocese de Caetité foi mais um importante fator de desenvolvimento social e religioso para a cidade e região.
O primeiro bispo da recém-criada Diocese de Caetité, Dom Manuel Raymundo de Mello, só chegou à nova casa quase dois anos depois. Era tempo de Quaresma e ele preferiu tomar posse por procuração, por entender ser prudente, naquele momento, a discrição. Dom Manuel esteve à frente da Diocese por dez anos (1915-1925), com pequenos intervalos para tratamento de saúde, até renunciar. Chegou com a missão de garantir a expansão das paróquias e ampliar o número de fiéis.
Dom Juvêncio Brito, o 2º bispo da Diocese, foi nomeado em 1926 e, durante o seu bispado, mostrou-se preocupado com as questões pastorais, a formação do clero, o patrimônio das igrejas e capelas e, principalmente, com as questões sociais. Nesse período, a Catedral de Senhora Sant’Ana passou por uma segunda reforma (a primeira foi na fundação da Diocese), e, por conta disso, a igreja ficou fechada por sete anos. A devoção a Maria, inspirada na pessoa de Sant’Ana, sempre foi uma das referências do catolicismo popular em Caetité.
Dom José Terceiro de Sousa assumiu a Diocese em junho de 1948, com o desafio de fortalecer a presença do catolicismo nos longínquos sertões da Bahia. Além das dificuldades de comunicação entre as várias comunidades da Igreja, o 3º bispo de Caetité se deparou também com condições sociais e culturais atrasadas, manipulação de líderes políticos e ameaças de uma modernidade que se aproximava. O Seminário, que antes funcionava na Casa do Bispo, ganhou um novo espaço físico, um prédio alugado na Rua Barão de Caetité.
Buscar se cercar de todo cuidado para atender as necessidades da Diocese era o objetivo de Dom João Pedro Costa, 4º bispo de Caetité (1957-1969). Ele sabia da importância de ter um clero atuante e espiritualmente fortalecido para manter nas paróquias “ovelhas saudáveis”. Buscava defender os direitos do povo do sertão, prestando relevantes serviços não só à sede, mas a todas as paróquias. No seu bispado, o Seminário ganhou espaço próprio, na Av. Dom Manuel Raymundo de Mello, onde funciona até hoje.
Dom Silvério Jarbas Paulo de Albuquerque, 5º bispo de Caetité, teve um bispado curto, de 1970 a 1974. Humilde, discreto, silencioso, extremamente zeloso com as “coisas de Deus”, o novo bispo teve dificuldades em compreender a excessiva laicização das práticas de fé, uma realidade de Caetité. Por isso, estranhou a cultura local, como a profanação da Festa de Senhora Sant’Ana, um momento de peregrinação e celebração da fé.
Dom Eliseu Maria Gomes veio em seguida como 6º bispo da Diocese e também permaneceu por pouco tempo (1974-1980). Colaborou com a criação e funcionamento da Rádio Educadora Santana de Caetité e com as Comunidades Eclesias de Base (CEBs). Sabia que era preciso colaborar para que o povo lutasse por melhores condições de vida. Entre fé e vida, Dom Eliseu lutou em prol do social em um período bastante perverso na história do Brasil.
O bispado de Dom Alberto Guimarães Rezende, o 7º na sucessão episcopal, desenvolveu-se em um tempo difícil, de escassos recursos humanos e materiais no alto sertão baiano. Dom Alberto ficou conhecido como um bispo engajado na luta pela terra, ficando sempre ao lado e na defesa dos menos favorecidos. Não admitia a injustiça cometida pelos governantes contra pequenos proprietários sertanejos. Foi também um grande idealizador e motivador das Obras das Vocações e Ministérios (OVM), uma forma de colaboração das paróquias e das comunidades com a formação dos novos padres.
Em tempos mais modernos, chega à Diocese um bispo italiano, Dom Ricardo Guerrino Brusati (2003-2015), que traz a experiência por ter atuado na Diocese de Paulo Afonso (BA). Com o novo bispado, foi criada a Comunidade de Formação Nossa Senhora de Guardalupe, em Belo Horizonte, que oferece cursos de filosofia e teologia para a formação dos padres da Diocese, recebendo também os seminaristas de Livramento de Nossa Senhora e Vitória da Conquista. Com Dom Ricardo, fica evidente a ideia de incentivo à formação de novos pastores pelos diversos carismas.
O primeiro hospital de Caetité para cuidar dos pobres de toda a região foi também uma fundação da Diocese. O Hospital e Maternidade Senhora Sant’Ana, como é conhecido hoje, começou como uma Casa de Misericórdia, ainda no século XIX.
Com o tempo, a Diocese de Caetité perdeu território, devido o surgimento de novas dioceses. Por outro lado, cresceu em amadurecimento e fé. Hoje ocupa uma área de mais de 41 mil metros quadrados, com quase 700 mil habitantes, entre católicos e não católicos, de acordo com o IBGE (2010). Compreende 35 paróquias, das quais 33 são municípios. Em toda a Diocese, são pouco mais de 40 padres.
Passados mais de 100 anos desta história, ainda somos uma Diocese jovem, diante de dioceses quase milenares, do berço do cristianismo. E é em meio a essa caminhada centenária que, agora, acolhemos o nosso 9º bispo, Dom José Roberto Silva Carvalho, nomeado pelo Papa Francisco em 26 de outubro de 2016, que vem com a experiência de pouco mais de 20 anos de sacerdócio, dos quais grande parte deles dedicados à formação de novos padres. Cearense, atuou em várias paróquias da Arquidiocese de Vitória da Conquista (BA).
Assim, a Diocese de Caetité continua a escrever a sua história, realizada pelas mãos, pelos pés, pela fé e pelo coração de tantos homens e mulheres que, cada um a seu modo, ajuda a construir a bonita história de fé e missão nestas terras sagradas do sertão.