Cidade do Vaticano (RV) – “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”: este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais comemoramos neste domingo, 8 de maio, domingo que precede a Solenidade de Pentecostes. Já no último dia 24 de janeiro, memória litúrgica de São Francisco de Sales, proclamado patrono dos escritores e jornalistas em 1923 por Pio XI, Francisco divulgou uma mensagem na qual evidencia a sintonia com o Jubileu Extraordinário da Misericórdia em andamento. Por isso essa data quer ser mais uma ocasião para os comunicadores e não somente eles, refletirem sobre as “sinergias profundas entre comunicação e misericórdia”.
Recordamos que o Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única efeméride estabelecida pelo Concílio Ecumênico Vaticano II (Inter Mirifica, 1963) e neste celebramos a 50ª edição e a 50ª mensagem – portanto, comemoramos o “jubileu de ouro”.
Certamente a escolha do tema para a comemoração deste ano foi determinada pelo Ano Jubilar e Francisco não perde a oportunidade de dialogar com o mundo da comunicação, com quem nele trabalha e quem o utiliza frequentemente. Uma ocasião propícia para fazer perguntas, procurar respostar e indicar estradas. Sim, porque o Papa e com ele toda a Igreja tem como missão principal comunicar a “misericórdia de Deus”, âmago do Evangelho.
A Igreja e quando falo de Igreja falo de todos nós “povo de Deus” e comunicadores, deve, ou melhor, tem obrigação de indicar, através de uma linguagem simples e gestos concretos a estrada para chegar até o nosso Deus de misericórdia. De fato, somos todos chamados a viver a misericórdia. Tudo o que dizemos e o modo como dizemos, cada palavra e cada gesto, deveria expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos.
Na sua mensagem Francisco recorda que o amor, por sua natureza, é comunicação e leva a uma maior abertura, não ao isolamento. Se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.
O Papa sublinha que a comunicação enriquece a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia! Sim, porque as palavras têm o poder de criar pontes e favorecer o encontro e a inclusão entre as pessoas, famílias, grupos sociais, povos.
O Santo Padre encoraja todos a encarar a sociedade humana como uma casa ou uma família onde a porta está sempre aberta para receber uns aos outros. Comunicar significa partilhar e a partilha exige escuta, acolhimento proximidade. Escutar nunca é fácil: significa prestar atenção, desejo de compreender, dar valor, respeitar a palavra alheia; é uma graça imensa e um dom.
O Dia Mundial das comunicações sociais deste ano integra-se no contexto do ano santo extraordinário da misericórdia, assim, Francisco defende a cultura do diálogo que deve presidir aos vários cenários e estratégias do mundo atual.
Na sua mensagem considera ainda que o acesso às redes digitais implica “uma responsabilidade pelo outro”, por alguém que, mesmo não sendo visível, “é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada”. O Papa apela aos que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes quanto ao modo de agir perante quem pensa ou age de maneira diferente.
O Papa Francisco apela ainda a todos os Bispos para que “o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis”.
Enfim, conclui: “encontro entre a comunicação e a misericórdia só será fecundo na medida em que puder gerar proximidade, cuidar, confortar, curar, acompanhar. Em um mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade”.