Neste mesmo dia, há um ano, o Bispo Emérito de Caetité, Dom Alberto, partia para a morada eterna. Hoje, relembramos uma matéria publicada no Jornal Diocesano A CAMINHO contando um pouco da sua história.
No dia três de maio de 1926, na cidade de Uberaba, Minas Gerais, nascia Antônio Alberto Guimarães Rezende. Ainda menino, aos 15 anos, ingressou no Seminário da Ordem dos Estignatinos, em São Paulo, e foi ordenado padre em oito de dezembro de 1953. Missionário, viajou o Brasil e o mundo levando a palavra de Deus; padre, propagou o amor paternal; humano, esteve sempre atento às necessidades dos mais carentes. Vitima de um enfarto, Dom Alberto morreu aos 88 anos no último dia 13 de abril, em sua cidade natal; mas escolheu ser sepultado onde estava seu coração.
“Neste momento de gratidão, de saudade e de esperança, dependendo da fé e da prática cristã de cada um de nós, podemos interpretar a pessoa, a mensagem e o testemunho que Dom Alberto marcou em cada um, de muitas maneiras, mas sempre com admiração pela coerência evangélica e generosidade pastoral”, pontuou Dom Ricardo Guerrino Brusati – Bispo da Diocese de Caetité – durante sua homilia na missa de corpo presente de Dom Alberto na Catedral de Caetité.
Nomeado bispo e sagrado em Roma pelo Papa Paulo II em janeiro de 1982, Dom Alberto tomou posse da Diocese de Caetité em março do mesmo ano. Seminário desativado, falta de padres, problemas financeiros. Sua chegada à Diocese foi cheia de desafios. Havia apenas 12 padres para acompanhar 28 paróquias já existentes e com isso, por estradas sem asfalto, acompanhou pessoalmente quatro paróquias. Foram 13 anos de espera até que os primeiros padres – Osvaldino Barbosa e Cleonidio Alves da Silva – fossem ordenados, em 1995. Depois disso outros 14 padres foram ordenados por ele.
Sobre sua personalidade, padre Ademar declara que Dom Alberto emanava caridade: “era uma pessoa muito humana, acolhedor, atencioso e muito sensível ao sofrimento humano. Sempre foi muito dedicado aos seus pais, de idade bastante avançada, dando-lhes muito carinho e assistência necessária. Demonstrava uma grande veneração pelos padres da Diocese, considerando como filhos e pessoas adultas”. Dom Alberto foi um homem atento a causa da evangelização, e preocupado com sua missão. Criou a OVM – Obra das Vocações e Ministérios – para ajudar na manutenção do seminário, conseguiu construir dez capelas em Caetité, apoiou as Escolas Família Agrícola, construiu em Caetité uma lavanderia comunitária, instituiu a casa da sopa para alimentar diariamente 50 crianças carentes. “Dom Alberto dava muita atenção aos doentes, recomendando aos ministros que os visitassem sempre, levando a comunhão e a palavra de Deus a estes irmãos tão carentes de amor e carinho”, destaca padre Ademar. Por 22 anos Dom Alberto esteve à frente da Diocese de Caetité, despedindo-se em 2003 do serviço episcopal por causa da idade canônica – 75 anos – e tornando-se bispo emérito.
“Quando cheguei aqui 12 anos atrás, sem conhecer ninguém, Dom Alberto estava-me esperando na porta do ‘Palácio”. Me deu um forte abraço e entregando-me a chave da casa, praticamente da Diocese, me sussurrou: ‘o povo de Caetité é um povo bom, pode confiar e eu quero-lhe ajudar’ ”, conta Dom Riccardo, que revela ter encontrado no bispo emérito a experiência e conselho para decisões difíceis: “Quantas vezes procurei o irmão mais experiente para tomar decisões difíceis e sempre sabia orientar-me e com respeito fraternal sempre acompanhou os passos da diocese, sem deixar que alguma palavra ou atitude pudesse mostrar diferença, caminhamos sempre em comunhão”, destacou.
Dom Antônio Alberto viveu seus últimos dias de vida na Comunidade Estigmatina de Uberaba, onde foi recebido pelos superiores e confrades. Mesmo morando em Minas, não ficou ausente da Diocese. Por diversas vezes se fez presença em momentos especiais, como ordenação de padres.
Ao atender chamadas telefônicas, Dom Alberto tinha na sua saudação o anuncio que fez durante toda a vida: “Jesus te ama”. Em seu testamento, escrito em junho de 2004, ele fez questão de reafirmar: “Declaro que sou apaixonado por Jesus, meu Mestre e Salvador. Ele é a razão do meu viver, tenho ânsia de proclamá-lo e torná-lo conhecido”, e escolheu onde, após sua morte, gostaria de deixar seu coração: “(…) gostaria de ser sepultado ao lado da Catedral da Cidade de Caetité”, para estar ainda mais perto dos que, como amor de pai, sempre cuidou.