José Pedro Araújo Costa é um dos bispos que participou do ConcÃlio Ecumênico Vaticano II. Estando em Roma e bem próximo ao Papa João XXIII, descreveu sua emoção de conferir de perto o que já pensava a respeito do papa e o colocou como um homem do povo, em cujo coração cabia todo o mundo.
Como sabemos, D. José Pedro Araújo Costa nasceu na cidade de Serro, Minas Gerais, em 19 de Outubro de 1913. Ordenou-se no Seminário de Diamantina, em 06 de Outubro de 1936. Residiu mais de 30 anos em Diamantina, onde lecionou no Seminário e no Colégio Diamantinense que veio a dirigir. Foi também Capelão Tenente do 30 Batalhão da polÃcia Militar, Diretor do Museu do Diamante, Diretor do Jornal “Estrela polar Cônego do Cabido Metropolitano. Foi sagrado Bispo de Caetité-Ba, em 15 de setembro de 1957, em Diamantina. Em 30 dc Março de 1969, foi promovido a Arcebispo Coadjutor Apostólico da Arquidiocese de Uberaba, onde residiu até 1978, quando renunciou. Considerado um intelectual de grande cultura e um dos maiores oradores sacros do Brasil, D. José Pedro Araújo Costa tomou posse na Academia de Letras do Triângulo Mineiro, representando Serro, em 07 de Setembro de 1980 e é apontado como o único Bispo brasileiro que teve uma pastoral reeditada em Roma. Deixou publicados livros, várias cartas pastorais, artigos, biografias, possuindo como lema “Veritas Liberabit vos”.
A notÃcia de que um novo Bispo foi eleito para Caetité deixou a comunidade eufórica e esperançosa para preencher, assim, a grande lacuna de que muito se havia ressentido com a falta de um pastor. Em seguida o Padre Oswaldo Pereira de Magalhães, viajou para Diamantina a fim de conhecer o futuro Bispo de Caetité, levando consigo congratulações do clero, das autoridades, associações religiosas e do povo caetiteense, que estava jubiloso com a eleição. Respeitosamente iria oscular o sagrado anel episcopal, pedindo uma bênção especial para toda a Diocese.
Em resposta à mensagem, Monsenhor José Pedro Costa demonstrou uma imensa alegria e satisfação pela manifestação de carinho e enviou uma carta para a Diocese de Caetité, expressando o seu agradecimento paternal fazendo planos para o seu governo:
No dia 15 de setembro de 1957, em Diamantina, foi realizada a tão esperada cerimônia de sagração do novo Bispo de Caetité. A notÃcia que se tem desse dia, foi acompanhada pelo jornal Folha de Minas dc Belo Horizonte. No seu relato, descreve que Diamantina estava vivendo momentos de intensa satisfação religiosa e que, na cidade, uma multidão comprimia-se pelas ruas e que essas estavam enfeitadas.
A Catedral de Diamantina estava repleta de populares, importantes autoridades religiosas, como o Núncio Apostólico, Dom Armando Lombardi, representante do Papa no Brasil, o auxiliar do Arcebispado da Bahia e ex-Bispo de Caetité, Dom José Terceiro de Sousa, o Arcebispo de Diamantina, Dom José Newton Batista, e uma comitiva de Caetité que lá esteve para presenciar a sagração.
É importante ressaltar que, além da sagração do Bispo Dom José Pedro Costa, a cidade aguardava, com grande expectativa, a presença de autoridades militares e civis. E dessas, destaca-se a presença ilustre do Presidente da República Juscelino Kubitschek, que era amigo e paraninfo do novo Bispo de Caetité. O evento em foco era a sagração do Bispo, no entanto a presença do presidente atraiu para Diamantina um grande número de pessoas curiosas que pretendia vê-lo.
A chegada de D. José Pedro Costa à terra que iria pastorear – Caetité foi noticiada pelo jornal local, de circulação regional, “O Dever”, e outros jornais, como Correio do Interior e Lampião, e que procuraram demonstrar que o povo (a comunidade católica) estava ansioso e com muita expectativa pela vinda de seu quarto bispo.
Dom José Pedro Costa buscou se cercar de todo cuidado para atender à s necessidades da Diocese. Sabia da importância de ter um clero atuante e espiritualmente fortalecido para manter nas paróquias “ovelhas saudáveis”, isso implicaria um bom exercÃcio ou prática sacerdotal. Todo ano, portanto, era realizado o Retiro dos Padres, sendo de suma importância a presença de todo o clero diocesano. Era o momento de busca espiritual, troca de experiências. Acrescenta o Bispo (Livro Tombo, 1961, p. 1 6)
Homem zeloso da obrigação que lhe foi confiada, buscou a transparência e a uniformidade do seu clero. Após um ano de sua posse, conforme livro de Crônicas do Seminário, p. 12, no mês de setembro de 1958, ele mesmo pregou o retiro aos 16 padres da Diocese.
Em meio a tantos desafios com que o bispo teve que enfrentar, enfim, chegou um comunicado, que o deixou muito surpreso e contente. Era a carta de convocação para participar do ConcÃlio Ecumênico Vaticano II, onde foi dada a abertura para os bispos elencarem assuntos de acordo com as necessidades locais. Todo bispo convocado para esse ConcÃlio recebeu do Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Tardini, uma carta onde relatava o desejo do PontÃfice de conhecer opiniões e pareceres, recolher conselhos e vota dos excelentÃssimos bispos e prelados que são chamados de direito para participar do ConcÃlio Ecumênico.
Para viajar até Roma, os bispos do Brasil foram para o Rio de Janeiro e de lá embarcaram para a Itália com o objetivo de participar do ConcÃlio Ecuménico Vaticano II. Após o inÃcio dos trabalhos, Dom José Pedro Costa procurou mandar notÃcias para a Diocese, através da rádio do Vaticano.
Deve-se também a Dom José Pedro Costa a criação de uma grande parte de paróquias existentes no território da Diocese de Caetité: Nossa senhora da Abadia em Boquira, Senhor Bom Jesus em Cordeiros, São Sebastião em Ibiassucê, Nossa Senhora do Livramento em Igaporã e Rio do Antônio, São José em Mortugaba, São João Batista em PindaÃ, Senhora Santana em Piripá e Nossa Senhora da Conceição em LicÃnio de Almeida. Todas criadas no ano de 1962 e, no ano de 1963, as paróquias de São Pedro em Aracatu, Sagrado Coração de Jesus em Botuporã, Nossa Senhora das Dores em Candiba, Santa Cruz em Malhada de São Francisco; Senhor Bom Jesus em Malhada de Pedra, São João Batista em Jânio Quadros e Santo Antônio em Sebastião Laranjeiras.
Dom José Pedro Costa inaugurou primeiro prédio do Seminário, na rua Barão de Caetité, ressaltando que essa construção foi do bispado anterior, de Dom José Terceiro, que saiu sem ter conseguido colocá-lo em funcionamento. Percebendo a necessidade de um local mais reservado para as ações seminaristas e considerando o crescimento da cidade, Dom José Pedro Costa adquiriu um grande terreno com o auxÃlio financeiro da Alemanha, através da Ação Adveniat, e, assim, construiu o novo seminário, em 1965, e o Cine Teatro Pax com equipamentos para o cinema, em 1969, hoje, prédio da Rádio Educadora Santana de Caetité. O prédio construÃdo em 1965 é o Seminário São José, conhecido como CTL (Centro de Treinamento de LÃderes). É diocesano e é local de formação propedêutica para os seminaristas, retiro de padres e Escola de Teologia para Leigos.
Qual o verdadeiro sentido sacerdotal para Dom José Pedro Costa? para muitos a resposta poderia resumir-se apenas no trabalho da Igreja; no entanto, que, para esse bispo, o sentido sacerdotal extrapola as quatro paredes de uma igreja. Ele está em movimento. produzindo frutos; permitindo uma construção de redes de relacionamentos. Essas redes produzem espaços que permitem analisar as várias faces da ação pastoral e sua produção intelectual, assessorando os aspectos sociopolÃticos e culturais.
Dom José Pedro Costa serviu em Caetité de 1957 a até que foi nomeado para ser Arcebispo Coadjutor e Administrador Apostólico da Arquidiocese de Uberaba. Voltou ao Serro, onde faleceu em 27-07-1996.
Importante mencionar, aqui, que D. José Pedro Costa nasceu no mesmo ano, mês e um dia antes da Criação da Diocese, em 19/10/1913.