Dois anos atrás, as Igrejas Cristãs que fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – Conic assumiram a responsabilidade de preparar a Campanha da Fraternidade (CF) de 2016. Ao refletir sobre o tema que deveriam escolher, concluÃram que precisaria girar em torno do direito que todas as pessoas têm ao saneamento básico. Na fase de preparação do texto-base, foi publicada a encÃclica “Laudato si – sobre o cuidado da casa comum”, do Papa Francisco. Foi natural, pois, que as reflexões papais acabassem iluminando vários parágrafos do texto.
Lançada a CF-2016, percebe-se quanto o tema que aborda é oportuno e atual. Nosso paÃs enfrenta as consequências da “vergonhosa realidade do saneamento básico”: a multiplicação do mosquito “aedes aegypti”, transmissor da dengue, do vÃrus zika e do chikungunya.
Preocupada com os desdobramentos dessa situação, e convicta da necessidade de “um grande mutirão, que envolva todos os setores da sociedade”, a CNBB, através de seu Conselho Episcopal Pastoral, aprovou uma mensagem para a sociedade. Afinal, somente nos mobilizando “seremos capazes de vencer estas doenças que atingem, sem distinção, toda a população brasileira”.
Da Mensagem da CNBB, chamo a atenção para cinco pontos:Â
1º – Gravidade da situação: “Merece atenção especial o vÃrus zika por sua provável ligação com a microcefalia (…). A gravidade da situação levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a microcefalia e o vÃrus zika emergência internacional. O estado de alerta, contudo, não deve nos levar ao pânico, como se estivéssemos diante de uma situação invencÃvel, apesar de sua extrema gravidade”. Aqui, é preciso reconhecer a ação positiva de nossa Imprensa, que tanto tem alertado sobre essas questões.
2º – Desvio de foco: “Tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal, num total desrespeito ao dom da vida”. É incrÃvel: grupos pró-aborto, com o apoio, inclusive, de setores da ONU, estão sempre prontos a aproveitar toda e qualquer oportunidade para disseminar suas propostas.
3º – Prioridade na aplicação de recursos: “Seja garantida, com urgência, a assistência aos atingidos por essas enfermidades, sobretudo à s crianças que nascem com microcefalia e suas famÃlias. A saúde, dom e direito de todos, deve ser assegurada, em primeiro lugar, pelos gestores públicos. A eles cabe implementar polÃticas que apontem para um sistema de saúde pública com qualidade e universal”. Quando não se investe em prevenção, paga-se muito mais caro pelas consequências.
4º – Envolvimento de todos: “O compromisso de cada cidadão também é indispensável, na tarefa de erradicar esse mal que desafia nossas instituições. O princÃpio de tudo é a educação e a corresponsabilidade. Por isso, exortamos as lideranças de nossas comunidades eclesiais a organizarem ações e a se somarem à s iniciativas que visem colocar fim a essa situação. As ações de competência do poder público sejam exigidas e acompanhadas”.
5º – Necessidade de orientações: “Nas celebrações, reuniões e encontros, sejam dadas orientações claras e objetivas que ajudem as pessoas a tomarem consciência da gravidade da situação e da melhor forma de combater as doenças e seu transmissor. Com o esforço de todos, a vitória não nos faltará”. Precisamos aproveitar a ramificação que nossas Igrejas cristãs têm para, juntos, testemunharmos ao mundo que nossa fé se manifesta em obras.
Por fim, um pedido: que “Deus, em sua infinita misericórdia, faça a saúde se difundir sobre a terra” (cf. Eclo 38.8).