24 de abril de 2016
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[ARTIGO] Jesus, nosso pastor

Por Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG

"Aos que o seguem, o pastor dará a vida eterna, ou seja, a vida definitiva, que, no Evangelho de João é caracterizado pelo dom do Espírito"

“Aos que o seguem, o pastor dará a vida eterna, ou seja, a vida definitiva, que, no Evangelho de João é caracterizado pelo dom do Espírito”

Estamos de tal forma acostumados e satisfeitos som a imagem romântica de Jesus pastor que dificilmente conseguimos abraçar o alcance de significado que São João quis atribuir a essa comparação.

O episódio do Bom Pastor se desenrola no Templo, na festa de sua consagração. São João apresenta Jesus no Templo como alternativa última para se obter a vida. Ele é pastor enquanto conduz para fora dessa instituição opressora simbolizada pelo redil (o Templo), para conduzir à plenitude da vida. Ele é o autêntico redentor, aquele que tem o dever de resgatar as ovelhas da opressão. Os ladrões e assaltantes são a hierarquia da instituição religiosa da qual Jesus veio libertar definitivamente as pessoas, a fim de que possam viver. 

Jesus é o verdadeiro consagrado por Deus. E não o Templo. Ele é o único capaz de libertar os oprimidos, conduzindo-os para fora, para um novo modo de ser, pois Ele é a porta, a única alternativa.

Aos que o seguem, o pastor dará a vida eterna, ou seja, a vida definitiva, que, no Evangelho de João é caracterizado pelo dom do Espírito. Essa vida que o pastor comunica, dura para sempre, pois supera a morte. Por outro lado, ninguém poderá arrebatar as ovelhas da mão de Jesus, pois Ele é o pastor que as defende contra os lobos, assaltantes e ladrões. Ele não é como os pastores mercenários, que visam aos próprios interesses e, ao chegar o perigo, procuram salvar a própria pele. Ele é o pastor que dá a vida.

O versículo 29 do texto de João 19, 27-30 põe em cena o Pai, que confiou todo o projeto e sua realização nas mãos de Jesus. A expressão “não arrancar da mão” se refere uma vez a Jesus e outra ao Pai. Trata-se da unidade do poder e ação comum a ambos.

Jesus é o novo Templo, no qual o Pai revela e leva a cumprimento a nova humanidade. Criticar e rejeitar Jesus é criticar e rejeitar o Pai, pois Eles são um.